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COLUNA
Rogério Moreira Lima
Engenheiro e professor, foi coordenador Nacional da CCEEE/CONFEA e vice-presidente CREA-MA (2022). É membro da Academia Maranhense de Ciência e diretor de Inovação na Associação Brasileira de
ROGÉRIO MOREIRA LIMA

Soldagem Estrutural na Construção Civil: Responsabilidade Técnica e a Segurança da Sociedade

Quinta-feira ada, dia 5 de junho, celebrou-se o Dia do Engenheiro Mecânico.

Rogério Moreira Lima

Quinta-feira ada, dia 5 de junho, celebrou-se o Dia do Engenheiro Mecânico. Nesta data, não devemos apenas parabenizar, mas, acima de tudo, reconhecer, respeitar e valorizar todos os engenheiros e engenheiras mecânicos(as), cuja contribuição técnica é essencial para o progresso do Brasil.

Viadutos, pontes, edifícios e coberturas de grande porte utilizam componentes soldados que exigem controle técnico rigoroso. A soldagem estrutural não é um serviço trivial, tampouco pode ser realizada por improviso. Não se trata de “chamar um soldador e soldar de qualquer jeito”. Trata-se de engenharia especializada, com respaldo técnico, científico e legal.

O engenheiro mecânico é o profissional legalmente habilitado para assumir a responsabilidade técnica por soldagens em estruturas metálicas. Sua formação abrange, como referencial, conteúdos como ciência dos materiais, desenho universal, dinâmica de máquinas e de sistemas mecânicos, eletricidade, expressão gráfica, instrumentação e controle, materiais de construção mecânica, mecânica dos fluidos e sistemas fluidomecânicos, mecânica geral e dos sólidos, mecanismos, metrologia, processos de fabricação, projeto de máquinas e de sistemas mecânicos, química, segurança e saúde no trabalho, termodinâmica e sistemas térmicos, além de transferência de calor e massa.

Com esse domínio, ele é capaz de avaliar como a soldagem afeta as propriedades mecânicas das ligas metálicas, controlar tensões residuais, prevenir falhas como trincas e fissuras e garantir a integridade da estrutura.

A soldagem é um processo de união permanente, no qual duas ou mais peças metálicas são ligadas por meio de aquecimento localizado, com ou sem adição de material. Quando aplicada em estruturas civis, ela precisa atender a requisitos normativos rigorosos quanto à resistência mecânica, tenacidade, ductilidade, fadiga e comportamento frente à corrosão. Uma solda mal executada pode comprometer a estabilidade de uma obra, gerar colapsos progressivos e colocar vidas em risco.

Por isso, o engenheiro mecânico não apenas acompanha o processo — ele o projeta, qualifica e valida. Cabe a ele elaborar e aprovar os Procedimentos de Execução de Soldagem (EPS), realizar a qualificação de procedimentos (PQR) e dos profissionais executantes, escolher o processo adequado (MIG, TIG, eletrodo revestido, arco submerso, entre outros) e supervisionar tecnicamente sua aplicação.

Além disso, a inspeção de soldas é uma etapa crítica no controle de qualidade. Envolve ensaios visuais e métodos não destrutivos (END), como líquidos penetrantes (LP), partículas magnéticas (PM), ultrassom (US) e radiografia industrial (RX), que permitem detectar descontinuidades como porosidades, falta de fusão, inclusões, trincas ou falta de penetração. O engenheiro mecânico está apto a interpretar esses ensaios à luz de normas técnicas específicas, como a ABNT NBR ISO 14731 (coordenação do processo de soldagem), ABNT NBR ISO 3834 (requisitos da qualidade em soldagem), ABNT NBR 17007 (soldagem de aços para emendas de estacas de fundações), ABNT NBR 10663 (qualificação de procedimentos de soldagem), ABNT NBR 10474 (qualificação em soldagem), ABNT NBR 14842 (critérios para qualificação e certificação de inspetores), ABNT NBR 11720 (conexões para união de tubos de cobre por soldagem ou brasagem capilar), ABNT NBR 13244 (peças de ferro fundido recuperadas — requisitos para aprovação do procedimento de soldagem e aceitação das peças) e ABNT NBR 13043 (padronização dos números e nomes dos processos de soldagem), tomando decisões corretivas com base em critérios técnicos objetivos para garantir a integridade estrutural da obra.

A legislação brasileira é categórica. A Lei Federal nº 5.194/1966, que regula o exercício das profissões da engenharia, e a Resolução nº 218/1973 do CONFEA atribuem ao engenheiro mecânico a competência legal para atividades ligadas à soldagem de estruturas. Portanto, a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) relativa aos procedimentos e à inspeção de soldagem compete exclusivamente a esse profissional.

Neste Dia do Engenheiro Mecânico, é necessário reforçar que a soldagem estrutural em obras da construção civil exige muito mais que habilidade prática: exige conhecimento técnico, responsabilidade legal e compromisso com a segurança da sociedade. Engenheiro mecânico não é custo — é garantia de qualidade, de legalidade e de proteção à vida.

Artigo feito em colaboração com o Engenheiro Mecânico e Civil Dr. Elson Cesar Moraes (Conselheiro do CREA-MA e Professor do Curso de Engenharia Mecânica da UFMA) e com o Engenheiro Mecânico Esp. Wesley Assis (Presidente do CREA-MA)

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